sábado, 7 de janeiro de 2017

o céu e a sua nudez.

(Curva-se perante a janela da sala que lhe mostra um exterior nocturno, sem estrelas, e começa a debitar.)

''Que em meu rosto pálido se reflita a amargura do meu temeroso interior, e que as mulheres cobiçadas  por homens recheados de luas vazias não temam ter dó de mim- Porque todas elas e todos eles haveriam de me gritar em tons arrojados uma melodia insuportável na qual eu jamais conseguisse encontrar paz, pagando pela minha ignorância e inconsciência do mundo que me rodeou enquanto quis, mas que sempre tomei como negligente. Que meus dedos envelheçam mais depressa do que aqueles e aquelas que nunca quis tocar por estarem dois degraus abaixo de meus pés. Que nesta casa fique trancado até ao último pôr-do-sol que meus olhos possam alguma vez enxergar, até que estes se fartem e se tranquem, impedindo-me de ver outra noite como esta e de me deixarem temperamental com a ausência de um céu estrelado, como hoje.''