quarta-feira, 15 de fevereiro de 2017

eurico cantorias cantando, lendo, dançando

na passagem entre rios
iam flores, margaridas voando,
e em finos bicos dos pés
passava eurico cantorias, cantando.

pela estrada extensa chorava eurico,
com um grande livro na mão,
cantarolava um poema à amada
que não lhe havia dado a mão.

Eurico ajudava os pássaros
a decifrarem o seu refrão,
mas ao olhar a última árvore
sucumbia de exaustão.

o Sol pedia a Eurico
que parasse de o olhar,
pois com tanta cantarolada,
o Sol havia deixado de brilhar.

o livro grande de Eurico
escorregou-lhe da mão,
com ele a sua margarida,
e a grave voz garrida.

deixou então, por pena, de cantar
p'ras janelas da vizinhança
e passou a chorar os seus poemas 
em esbeltos passos de dança.

domingo, 5 de fevereiro de 2017

impingiam-lhe as águas fortes
como se fosse homem de guerras,
mas o orgulho antigo guarnecia
mais do que o amor por estas terras.

tão menesteroso dia cinzento
de que se fez merecer,
e junto dos outros entes eu ensurdecia
do encontro horrendo à monotonia.

solto do chão dizia:
''há de não haver noite ou dia
ou sol que rejuvenesça,
ou seus raios, ou somente eu;
aceito provida sentença.''

compartidas em dores congéneres,
alevantam-se as mulheres,
e partilham entre si, devidamente,
a dor que pouco reconheci.

chora a antiga gente, dos povos varinos
que naquele dia perdeu, e deixou ir,
um outro caprichoso, outrora amante
enrugado e fraco, ocorreu-lhe partir.